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estresse crônico

Como o estresse crônico muda o cérebro?

Como que o estresse crônico pode afetar a saúde e o bem-estar mental?

Com todo o cenário em torno do vírus COVID-19, o estresse crônico está aumentando em grande parte das pessoas no mundo.

Essa reportagem, publicada em março de 2020 na The Conversation, pesquisas examinam as implicações gerais e psicológicas do estresse crônico para a saúde e sugerem alguns métodos que podemos adotar para manter nossos níveis de estresse sob controle.

Um pouco de estresse é bom

Sabe-se que um pouco de estresse é uma parte normal de nossas vidas diárias, o que é essencial para nós.

Superar eventos estressantes pode nos tornar mais resilientes.

Mas quando o estresse é grave ou crônico – por exemplo, causado pelo rompimento de um casamento ou parceria, morte na família ou bullying, tragédias, doenças – ele precisa ser tratado imediatamente.

Como funciona?

Isso ocorre porque o estresse repetido pode ter um enorme impacto em nosso cérebro, colocando-nos em risco de vários problemas físicos e psicológicos.

O estresse repetido é um dos principais gatilhos para a inflamação persistente no corpo.

A inflamação crônica pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo diabetes e doenças cardíacas.

O cérebro é normalmente protegido das moléculas circulantes por uma barreira hematoencefálica.

Porém, sob estresse repetido, essa barreira se torna infiltrada e as proteínas inflamatórias circulantes podem entrar no cérebro.

O hipocampo do cérebro é uma região crítica do cérebro para aprendizado e memória e é particularmente vulnerável a esses insultos. Estudos em humanos mostraram que a inflamação pode afetar adversamente os sistemas cerebrais ligados à motivação e agilidade mental.

Há também evidências de efeitos de estresse crônico sobre hormônios no cérebro, incluindo cortisol e fator de liberação de corticotropina (CRH).

Níveis altos e prolongados de cortisol têm sido associados a distúrbios de humor e ao encolhimento do hipocampo. Também pode causar muitos problemas físicos, incluindo ciclos menstruais irregulares.

Humor, cognição e comportamento

Está bem estabelecido que o estresse crônico pode levar à depressão, que é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo. Da mesma forma, também é uma condição recorrente – as pessoas que sofreram de depressão correm riscos de futuros de episódios de depressão, principalmente sob estresse.

Existem muitas razões para isso, e elas podem estar ligadas a alterações no cérebro.

O hipocampo reduzido, – em função de uma exposição persistente a hormônios do estresse, – e a inflamação contínua que pode causar, ele é mais comum em pacientes deprimidos, do que em pessoas saudáveis.

Da mesma forma, o estresse crônico também altera as substâncias químicas no cérebro que modulam a cognição e o humor, incluindo a serotonina. A serotonina é importante para a regulação do humor e bem-estar. De fato, inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) são usados para restaurar a atividade funcional da serotonina no cérebro em pessoas com depressão.

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Estresse e Sono

A interrupção do sono e do ritmo circadiano é uma característica comum em muitos distúrbios psiquiátricos, incluindo depressão e ansiedade.

Hormônios do estresse, como o cortisol, desempenham um papel modulador essencial no sono. Níveis elevados de cortisol podem, portanto, interferir no sono.

A restauração dos padrões de sono e ritmos circadianos pode, portanto, fornecer uma abordagem de tratamento para essas condições.

Depressão pode ter enormes consequências.

Nosso próprio trabalho demonstrou que a depressão prejudica a cognição em ambos os domínios não emocionais, como planejamento e resolução de problemas, e áreas emocionais e sociais, como a criação de viés de atenção para informações negativas.

Estresse e Ansiedade

Além da depressão e da ansiedade, o estresse crônico e seu impacto no trabalho podem levar a sintomas de burnout, que também estão relacionados ao aumento da frequência de falhas cognitivas na vida diária.

Como os indivíduos são obrigados a assumir uma carga de trabalho aumentada no trabalho ou na escola, isso pode levar a sentimentos reduzidos de conquista e maior suscetibilidade à ansiedade, criando um ciclo vicioso.

Estresse Crônico e Raciocínio

O estresse também pode interferir no nosso equilíbrio entre pensamento racional e emoções. Por exemplo, as notícias estressantes sobre a disseminação global do Coronavírus, fizeram as pessoas acumularem desinfetantes para as mãos, lenços de papel e higiênico.

As lojas estão ficando vazias com esses suprimentos, apesar da garantia do governo de que há muito estoque.

Isso ocorre porque o estresse pode forçar o cérebro a mudar para um “sistema de hábitos”. Sob estresse, áreas do cérebro como o putâmen, uma estrutura redonda na base do cérebro anterior, mostram maior ativação.

Essa ativação foi associada ao comportamento de acumulação. Além disso, em situações estressantes, o córtex pré-frontal ventromedial, que desempenha um papel na cognição emocional – como avaliação de afiliações sociais e aprendizado sobre o medo – pode aumentar os medos irracionais.

Eventualmente, esses medos essencialmente anulam a capacidade usual do cérebro para tomar decisões frias e racionais.

Superando o estresse

Então, o que fazer se estiver sofrendo de estresse crônico?

Felizmente, existem maneiras de lidar com isso.

Uma iniciativa, é o Projeto de Prospecção do Governo do Reino Unido sobre Capital Mental e Bem-Estar, recomendou maneiras baseadas em evidências para o bem-estar mental.

Sabemos, por exemplo, que o exercício estabeleceu benefícios contra o estresse crônico. O exercício combate a inflamação, levando a uma resposta anti-inflamatória .

Novos neurônios

Além disso, o exercício aumenta a neurogênese – a produção de novas células cerebrais – em áreas importantes, como o hipocampo. Também melhora seu humor, sua cognição e sua saúde física.

Outra maneira, seria envolver-se e conectar-se com as pessoas ao seu redor, como família, amigos e vizinhos. Quando você está sob estresse, relaxar e interagir com amigos e familiares o distrairá e ajudará a reduzir os sentimentos de estresse.

A aprendizagem pode ser um método menos óbvio. A educação leva a uma reserva cognitiva – um estoque de habilidades de pensamento – que fornece alguma proteção quando temos eventos negativos na vida.

De fato, sabemos que as pessoas são menos propensas a sofrer de depressão e problemas cognitivos se tiverem uma melhor reserva cognitiva .

Outros métodos incluem a atenção plena, permitindo-nos perceber e ter curiosidade do mundo à nossa volta e passar um tempo no momento.

E mais, fazer trabalho voluntário ou doar para uma instituição de caridade, funciona para ativar o sistema de recompensa em seu cérebro, e assim promover sentimentos positivos sobre a vida.

Neste momento, é importante ressaltar que quando você experimenta estresse crônico, não fique esperando as coisas melhorarem. A detecção precoce e o tratamento eficaz precoce são a chave para um bom resultado e bem-estar.

Lembre-se de agir de maneira holística para melhorar seu humor, seu pensamento e sua saúde física.

E você não precisa esperar até ficar sobrecarregado com o estresse!

Por fim, é importante que aprendamos desde a infância, a manter nosso cérebro em forma ao longo de toda a nossa vida.

Fonte: The Conversation

Joana Carreirão

Joana Carreirão

Sou formada em Naturologia Aplicada pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e Especialista em Neurociência e o Futuro Sustentado de Pessoas e Organizações, pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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