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mapa das emoções

Pesquisa revela um Mapa das Emoções

Nós seres humanos, usamos as emoções para decifrar cascatas complexas dos eventos internos. Entender nossas próprias emoções, assim como as dos outros, é crucial para as interações sociais humanas. 

Além disso, testemunhar fatos e eventos da vida de outras pessoas, às vezes leva a reações internas relacionadas às crenças, intenções e desejos. 

Entretanto, nossas emoções costumavam ser consideradas, uma faculdade humana “separada”, bem distinta da cognição.

Ao longo dos anos, a relevância e a difusão desses aspectos motivaram a busca de modelos que associassem de maneira ideal respostas comportamentais a experiências emocionais.

Porém, estudos recentes mostram, que a resposta afetiva influencia processos cognitivos, como na tomada de decisão e memória. Neste artigo publicado na Nature Communications em janeiro de 2020, apresenta um Mapa da Emoções, e chamam de EmoçãoOtopi”. E esse seria um princípio de codificação emocional!

Como que seria esse Mapa?

Os princípios responsáveis pela representação dos nossos estímulos sensoriais, também são responsáveis pelo mapeamento das emoções.

Os resultados da pesquisa mostram revelaram a existência de um mapeamento emocional chamando de “emocionalotópico” nos territórios temporoparietais direitos, associado à experiência emocional subjetiva complexa e multifacetada suscitada pela exibição do filme de Forrest Gump.

Como foi realizada a pesquisa?

Para investigar como o cérebro processa o componente básico distinto dos estados emocionais, os pesquisadores  pediram a um grupo de 15 voluntários inscritos no estudo para expressar, definir e classificar suas emoções enquanto assistia ao icônico filme americano de 1994 Forrest Gump.

De fato, durante toda a duração do filme, os 15 voluntários relataram cena por cena seus sentimentos e suas respectivas forças em uma escala de 1 a 100. Suas respostas foram comparadas às de outras 15 pessoas que assistiram ao mesmo filme durante um estudo de ressonância magnética funcional (fMRI) realizado na Alemanha.

A Ciência Aberta

Os dados de imagem foram obtidos por meio da “ciência aberta”. Essa é uma plataforma na qual cientistas de diferentes laboratórios podem compartilhar seus dados, para que qualquer pessoa possa replicar ou usar os dados para novos experimentos, como neste caso.

Assim, para desvendar regiões corticais envolvidas no processamento emocional, as “classificações emocionais” foram usadas pelos cientistas para prever a resposta do cérebro à fMRI. A correspondência entre as características funcionais e o arranjo espacial relativo de partes distintas do córtex foi então usada para testar a topografia dos estados afetivos.

O que foi descoberto?

A ativação das regiões do cérebro temporoparietal estava associada aos estados afetivos que sentimos em um momento exato, fornecendo-nos o mapa de nossa experiência emocional.

A análise dos dados mostra, que a polaridade, complexidade e intensidade das experiências emocionais são representadas por transições suaves nas áreas parietais

O arranjo espacial permite ao cérebro mapear uma variedade de estados afetivos dentro de um único pedaço de córtex.

Em resumo, a junção temporoparietal direita pode representar topograficamente a variedade dos estados afetivos que experimentamos: como quais emoções sentimos em um momento específico e o quanto as percebemos

O processo se assemelha à maneira como os sentidos, como visão ou audição, são representados no cérebro. 

Esses estudos estão aproximando a psiquiatria de outros campos da medicina na busca de correlatos biológicos objetivos sobre os sentimentos, que são estados subjetivos.

A hipótese testada:

No entanto, quais mecanismos vinculam descrições de estados afetivos à atividade cerebral não estão claros, com evidências apoiando o processamento local ou distribuído.

Uma alternativa biologicamente favorável é fornecida pela noção de gradiente, que postula o isomorfismo entre as representações funcionais das características do estímulo e a distância cortical.

Como foi usado?

Aqui, usamos a atividade de ressonância magnética evocada por um filme emocionalmente carregado e classificações contínuas da intensidade da emoção percebida para revelar a organização topográfica dos estados afetivos.

Resultados

Os resultados mostram que três gradientes ortogonais e espacialmente sobrepostos codificam a polaridade, complexidade e intensidade de experiências emocionais em territórios temporoparietais corretos.

O arranjo espacial desses gradientes permite que o cérebro mapeie uma variedade de estados afetivos dentro de um único pedaço de córtex.

Como essa organização se assemelha à forma como as regiões sensoriais representam propriedades psicofísicas foi proposto o termo emoçãootopia como um princípio de codificação da emoção.

A importância:

Dissecar o cérebro correlaciona fatores elementares que modulam a intensidade, e a qualidade de nossas emoções tem implicações importantes para entender o que acontece quando as emoções “adoecem”, como no caso de depressão e outros transtornos mentais.

Escola IMT de Estudos Avançados Lucca

Joana Carreirão

Joana Carreirão

Sou formada em Naturologia Aplicada pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e Especialista em Neurociência e o Futuro Sustentado de Pessoas e Organizações, pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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