Blog da Joana

Como reconhecer um vício em Redes Sociais?

Recentemente encontrei com uma amiga, que não a via há tempos, e perguntei o porquê do sumiço nas redes sociais e ela me falou:

Saí, Joana!  Que alívio! Saí de todas as redes sociais!!

E eu obviamente perguntei o motivo, pois um grito de liberdade deste não pode passar batido!

Ela me contou o quanto que a vida virtual estava consumindo, não só a energia do celular, como a dela também! 

Ela começou me contando o quanto estava se sentindo dependente, que olhava o tempo todo, que se incomodava com aquelas selfies chatas que as amigas postavam todos os dias! 

Assim, ela comentou que da última vez, no encontro das amigas, que ficavam todas ‘penduradas’ em seus smartphones, ao invés de conversarem de verdade.

Acho que todos conseguem se identificar com algum destes casos!

E pasmem, quando eu comecei a pesquisar, lendo artigos, descobri que tem até nome para essa amiga que te esnoba para ficar no celular: é “phubbing”!

Ai eu pensei que a coisa está pior do que eu imaginava! 

E para saber mais, até eu fiz uma enquete na minha Rede Social. O resultado foi que 78% das pessoas se consideram Viciadas em Redes Sociais!

Redes Sociais

Nós e as Redes Sociais

É difícil resistir a dar aquela olhadinha no Facebook na metade do expediente. Afinal, todo mundo merece uma folga para ver o que está rolando por lá.

E quando se tem algo para compartilhar, melhor ainda, seja uma foto, notícia, música ou até mesmo um textão daqueles.

Ah Joana, as Redes Sociais são para isso! Qual o problema nisso?

Na verdade não existe problema em usar as redes sociais para tirar uma foto.

Eu mesma gosto de ver a interação das pessoas nas postagens, de levar informação relevantes, divulgar meu trabalho e também ver o que os meus amigos que estão longe postam!

As Redes, na sua essência, possibilitam que as pessoas conectem entre si com mais facilidade, aproximando quem está longe.

Hoje é possível manter uma interação em tempo real, de maneira simples, dando a chance de manter-se super informado sobre a vida dos outros, mas sem necessariamente encontrá-los pessoalmente.

Sabemos então, que os ambientes digitais possibilitam que as pessoas se conectem. Porém, muito além de ser um espaço para trocar informações, as redes permitem que as pessoas possam ver vistas.

E convenhamos que existe uma certa sedução nisso tudo, você não acha?

Redes Sociais Vicios

Quando começa o problema?

Na maior parte das vezes, de uma forma automática, os comportamentos podem sair um pouco do controle.

Assim, aquilo que deveria ser um lazer ou um simples passar o tempo, passa a ocupar e a ganhar espaço de maior atenção e afetar a vida social das pessoas.

Da mesma forma, são uma possibilidade para que cada um possa escrever, ser, representar o que quiser ou mostrar a sua melhor versão.

Ou seja, bem diferente de um encontro olho no olho, na qual se faz necessário ter cuidado com o que se diz, como se diz e como se comporta.

Virtualmente é possível enaltecer a própria personalidade, e até mesmo criar uma, que talvez não necessariamente, esteja de acordo com a vida real e desta forma ter uma validação positiva.

E qual a sensação que isso tudo traz? Uma grande recompensa com um certo prazerzinho embutido.

hiperconectados

De olho no comportamento

Então o que eu vejo hoje é que o que era para ser apenas uma simples selfie boba de bom dia, passa a ser um meio para poder sentir-se bem consigo.

Aquilo que deveria ser apenas um simples like, torna-se um termômetro interno da própria autoestima.

Toda essa interação das pessoas com as redes sociais podem causar uma mudança no padrão de humor, e começam a ganhar uma proporção, que pode ser transformar em um distúrbio emocional.

E assim podendo ser potencialmente patológico, gerando um vício, dependendo da pré-disposição de cada um.

Assim como ser visto nas redes sociais pode gerar uma satisfação, também há quem não se sinta bem caso a resposta para aquela self ou o textão não seja assim tão positiva, e até gerar uma mudança de humor repentina.

redes sociais

Impacto na saúde mental

Tenho visto muitas pesquisas científicas levantando as preocupações sobre o impacto negativo do uso excessivo de redes sociais, na saúde e no bem-estar dos usuários, especialmente dos jovens, que são os usuários empolgados dessa tecnologia. 

Uma revisão de literatura em 2011 liderada por Mark Griffiths e Daria Kuss – que são psicólogos da Nottingham Trent University no Reino Unido e especializados em estudar o impacto da tecnologia e de mídias sociais no comportamento cognitivo e social – pesquisaram sobre o uso excessivo de mídias sociais.

Este estudo, publicado na Revista Environmental Health Research and Public Health, aponta que para uma parte de indivíduos, havia um efeito prejudicial bastante significativo, incluindo suas relações na vida real e no desempenho acadêmico.

Os pesquisadores argumentam que estes sinais, seriam indicativos de uma dependência ou vício.

Nos últimos cinco anos, tem havido uma proliferação de estudos avaliando como o uso excessivo de mídia social pode impactar negativamente na saúde. 

Em outro artigo do Dr. Griffthis em 2017 mostrou que o uso de mídias sociais para uma parte dos indivíduos está associado a vários problemas psicológicos, incluindo ansiedade, depressão, solidão, transtorno de déficit de atenção e dependência. 

Outros pesquisadores também apresentam as consequências do uso das redes sociais, demonstraram que o uso excessivo contribui, por um lado, para o aumento do estresse e o sentimento de solidão além da diminuição do sentimento de felicidade e da baixa autoestima. 

Muitos destes resultados estão apoiados pela presença de uma sintomatologia depressiva e por uma falta de habilidade social que acabam se ‘viciando’ no uso das redes sociais.

Quanto mais tempo, menos felicidade

Um estudo, realizada pela Universidade de Utah Valley constatou que quanto mais horas as pessoas passam nas redes sociais mais elas achavam que a vida dos outros era melhor do que a própria.

Os pesquisadores conversaram com 425 estudantes e perguntaram a eles como se sentiam diante da vida. Depois perguntaram às pessoas quantos amigos tinham no Facebook e quantas horas por semana se dedicavam às redes sociais.

Ao final da análise, os pesquisadores concluíram que o Facebook traz uma falsa percepção da vida e isso pode fazer com que as pessoas sintam que todas as outras pessoas são mais felizes ou fazem coisas mais interessantes.

O estudo ressalta que o fato de passar muito tempo nas redes sociais nem sempre pode ser caraterizado como um vicio, mas mesmo assim pode gerar prejuízos ao organismo, como o sono, alimentação, bem como nas relações sociais.

Por exemplo, é comum vermos as pessoas postarem momentos de felicidade em suas redes sociais, porém um indivíduo com sintoma depressivo pode interpretar de uma forma errônea, acreditando que a vida daquela pessoa é perfeita e que a sua mesmo é uma vida miserável e triste.

A verdade é que todo excesso é uma falta. Comportamentos que de forma isolada, não indicam nada, quando em excesso, exercem um mecanismo de defesa, como uma máscara, na qual  o vazio interno é preenchido com likes, isso precisamos prestar atenção.

Comportamento virtual

Um conjunto de relatórios de 2018 da We Are Social e Hootsuite revelam que existem mais de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo usando a Internet.

Dados do GlobalWebIndex mostram que o usuário médio global da gasta hoje cerca de 6 horas por dia usando dispositivos e internet.

Em 2015 os brasileiros já ficavam aproximadamente 3 horas e 40 minutos conectados a internet. Isso dá cerca de 26 horas por semana, e as redes sociais são os produtos mais consumidos.

Agora em 2018 o Brasil está entre os três países do mundo no qual a população passa, em média, mais de 9 horas do dia navegando na Internet! 

E é um dos dois únicos países, onde o tempo diário gasto nas redes sociais, supera 3 horas e meia! Bem acima da média mundial nesses dois quesitos.

A National Purchase Diary Panel, descobriu que 82% dos brasileiros, entre 13 e 59 anos, jogam algum tipo de game, seja no computador, videogame, ou no celular, e que esse tipo de lazer consome, em média, 15 horas semanais.

O que é um vício?

Um vício em redes sociais poderia ser caraterizado como um sintoma de alguma outra condição de saúde mental, como sintomas de ansiedade, depressão, fobia social e transtorno de personalidade narcísica em pessoas que passam muito tempo conectadas.

E a característica seria a necessidade de estar checando e interagindo com um aplicativo a todo momento, conectado a redes e quando, por alguma razão, o acesso não é possível, pode-se sentir uma grande ansiedade e frustração.

É um tipo de vício comportamental na qual o indivíduo deixa de fazer suas atividades diárias para ficar conectado às redes sociais, podendo comprometer suas atividades básicas como alimentação, trabalho, estudos, vida social ou até a própria higiene!

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (DSM), a compulsão por redes sociais pode ser considerada um tipo de manifestação causado pela dependência digital e, portanto, categorizada como um transtorno mental.

É importante ressaltar que essa dependência digital é um transtorno no qual o indivíduo não consegue ficar longe do computador ou dispositivos móveis.

Tipos de Vícios

E já existem diferentes manifestações de dependência digital!

O FoMO (”Fear Of Missing Out”) seria aquele comportamento de verificação excessiva das redes sociais! Como a mídia social é acessada com mais frequência por meio de smartphones, seu uso está intimamente interligado a sua natureza móvel que contribui para esse “Medo de Ficar de Fora”.

Sabe aquele que citei no início, phubbing? Segundo o autor da pesquisa algumas pessoas podem esnobar o contato em um ambiente social com a família ou amigos preferindo conferir as mídias sociais em seus smartphones. O termo é uma junção das palavras “phone” e “snubbing”.

A Nomofobia, é uma síndrome na qual a pessoa sente medo de ficar sem o telefone celular, já o Selfiti, é a condição na qual o indivíduo apresenta uma compulsão em tirar selfies!

E claro o Vício em Games, no qual o indivíduo deixa de fazer atividades diárias para ficar jogando.

Mas com os jogos eletrônicos a coisa já muda um pouco, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passará a classificar o vício em games como um transtorno psiquiátrico no próximo ano.

E agora?

Acredito que agora neste momento você pode estar se perguntando: Será que sou viciado em redes sociais ou é só um hábito ruim que consigo controlar?

Outros podem estar pensando: Por que não consigo largar o celular?

Como encontrar o equilíbrio? Quais as soluções?

No próximo artigo coloquei todas as minhas percepções sobre estes questionamentos e ainda montei 15 dicas, super legais, para quem realmente percebeu que o uso excessivo das Redes Sociais podem estar causando algum prejuízo!

Joana Carreirão

Joana Carreirão

Sou formada em Naturologia Aplicada pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e Especialista em Neurociência e o Futuro Sustentado de Pessoas e Organizações, pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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